É
baseada na mesma camada física da Ethernet
comercial. De fato, uma das vantagens é poder utilizar equipamentos de
prateleira, isto é, equipamentos comuns. Diversos fabricantes oferecem
equipamentos específicos para aplicações industriais, seja com faixa de
temperatura adequada (-40 a 85°C), seja com funções específicas para
comunicação de dados em tempo real. As características de comunicação e
sincronismo entre os equipamentos são basicamente as mesmas do H1, sendo que as
principais diferenças estão no determinismo.
Através
do uso de Ethernet na rede FF HSE é
possível construir uma rede de controle industrial com componentes disponíveis
para o consumidor final, independentemente do fabricante. O padrão HSE utiliza
uma taxa de transmissão de 100 Mbps, mas nada impede que os equipamentos se
comuniquem à taxas maiores, tais como 1 Gbps ou mesmo o novo padrão 10 G
(figura 4).
Figura 4
A rede
H1 é determinística. Isso permite que os dados de controle (cíclicos) sempre
tenham tempo reservado para trafegar na rede. De forma simplificada é possível
representar o tempo na rede como na figura 5.
Figura 5
Há dois
tipos primitivos de equipamentos definidos: Link
Master Devices (LM) e Basic Devices.
LMs são capazes de se tornar LAS (Link
Active Scheduler) em um dado instante e controlar o tráfego de dados
cíclicos e acíclicos em sua rede. Cada rede possui, em um dado instante, apenas
um LAS, mas pode possuir diversos LM. Isso assegura o funcionamento da rede
caso o LAS primário falhe. Os equipamentos do tipo basic não são capazes de se tornarem LAS e, em geral, são
equipamentos mais simples. É importante que em cada segmento FF haja pelo menos
dois LM (redundância de mestre).
O macrocycle é o período em que toda parte
cíclica se repete na rede FF. Ou seja, em cada macrocycle existe um tempo escalonado chamado foreground que garante a passagem das informações cíclicas. Há
também um período de tempo destinado ao tráfego de outros tipos de dados
normalmente destinados à manutenção, supervisão, configuração, estatística, etc,
que é o background.
Em uma
configuração FF típica estes tempos, foreground
e background, estão distribuídos no macrocycle. Para implementar o
determinismo, um mecanismo de token é
usado. Tal abordagem elimina a necessidade da contenção (detecção de atividade
e/ou colisão) ao se transmitir. Apenas quem possuir o token tem o direito de transmitir naquele momento e é o LAS o
responsável pela circulação do token
entre todos os equipamentos da rede. A figura 6 mostra o mecanismo de
circulação do token.
Figura 6
Pelo
fato de usar Ethernet, uma rede HSE
não apresenta as mesmas características de previsibilidade da rede H1.
Entretanto, há características que são usadas em uma instalação HSE para tornar
a rede quase determinística. O uso de switches
e roteadores permite isolar os domínios de colisão da rede. Dessa forma, o
mecanismo de acesso e detecção de colisão, usado pela Ethernet, que é o CSMA/CD (Carrier
Sense Multiple Access / Colision Detect) não aciona os mecanismos de atraso
aleatórios na retransmissão de mensagens.
A rede
HSE usa intensivamente tanto o protocolo UDP quanto o TCP. Entretanto, os dados
em tempo real são transmitidos usando UDP, o que permite que dados de controle
sejam transmitidos de forma rápida e eficiente a todas as estações da rede. O
processamento de mensagens UDP é mais rápido e suas características atendem aos
requisitos para transmissão de dados em tempo real como, por exemplo, pelo fato
de ser multicast, ou seja, ser uma
transmissão que atinge ao mesmo tempo todos os equipamentos da rede.
Mas é
possível questionar o por quê de não usar TCP, que é orientado à conexão e
possui mecanismos de detecção de erros com retransmissão automática de
mensagens. Considere-se uma hipótese na qual o valor de pressão de uma caldeira
é transmitido de um transmissor para uma válvula da rede. Se uma amostra não
chega ao destino, é melhor enviar rapidamente uma nova amostra do que tentar
retransmitir um valor passado que já não tem uso para o controlador embutido na
válvula. Se o valor não chegar naquele momento ao seu destino, não terá mais
utilidade.
Por
isso, os mecanismos de retransmissão do TCP não têm muita utilidade no tráfego
de dados em tempo real na rede HSE. Para outros tipos de transação como
configuração, diagnósticos ou supervisão o TCP é usado.
Uma
aplicação de controle é modelada e descrita através do uso de diversos blocos
funcionais conectados entre si e parametrizados de forma apropriada. Os blocos
trocam informações através de uma entidade chamada link, ainda que sejam possíveis associações implícitas através do
parâmetro Strategy. O link conecta um parâmetro de saída de um
bloco funcional a um ou mais parâmetros de entrada de outros blocos funcionais.
Se os blocos linkados estiverem localizados no mesmo equipamento, diz-se que é
um link interno. Se a conexão for entre blocos de diferentes equipamentos
tem-se um link externo, que consome
banda do segmento H1 durante a troca de dados.
Todos os
equipamentos na rede FF são sincronizados através do LAS, que controla a
comunicação na rede e usualmente é um dos instrumentos de campo. Caso haja
falha do LAS ou ele seja retirado para manutenção, outro equipamento LM se
torna LAS e assume automaticamente. Assim que a aplicação é criada, o
configurador FF gera a sequência de eventos: execução de blocos, comunicação
entre equipamentos, publicação de links no barramento, supervisão, etc.
O tempo
necessário para uma iteração completa no segmento FF é chamado macrocycle, e normalmente define a taxa
de execução da aplicação, ou seja, para um macrocycle
de 500 ms cada malha de controle será executada 2 vezes por segundo. O
algoritmo de cada bloco calcula suas saídas a cada ciclo em função dos valores
anteriores, do valor atual dos parâmetros de entrada e de controle. Então os
valores das saídas são publicados na rede para todos os equipamentos
interessados.
Cada
equipamento recebe do configurador e armazena a programação da execução de seus
blocos, chamada FBS (Function Block
Schedule). Esse registro define quando cada bloco será executado, o
intervalo de execução entre cada um, e assim por diante. Cabe ao configurador
FF gerar o FBS para cada equipamento e programá-los quando for feito o download da configuração.
No diagrama da figura 7 é possível observar que durante um macrocycle cada equipamento executa na sequência, de acordo com o FB Schedule, os blocos alocados a ele. Cada bloco recebe uma posição e um offset com relação ao início do macrocycle. Paralelamente, os outros equipamentos também executam seus blocos. De acordo com a estratégia ocorre a publicação de parâmetros no barramento H1. Cada equipamento captura os valores para as entradas de seus blocos a partir dos valores das saídas de outros blocos.
No diagrama da figura 7 é possível observar que durante um macrocycle cada equipamento executa na sequência, de acordo com o FB Schedule, os blocos alocados a ele. Cada bloco recebe uma posição e um offset com relação ao início do macrocycle. Paralelamente, os outros equipamentos também executam seus blocos. De acordo com a estratégia ocorre a publicação de parâmetros no barramento H1. Cada equipamento captura os valores para as entradas de seus blocos a partir dos valores das saídas de outros blocos.
Figura 7
Esse
tipo de comunicação, usada para dados críticos de controle, é chamada
comunicação cíclica. Nos intervalos da comunicação cíclica o barramento pode
ser usado para a comunicação acíclica, que é usada para supervisão,
configuração de equipamentos, alteração de parâmetros de operação dos blocos e
assim por diante. Cada equipamento pode participar em mais de uma malha,
executando blocos de diversos módulos de controle.
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